Bitcoin – O que é e como funciona?

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O que é Bitcoin?

O que é bitcoin e como ele funciona? Bitcoin é dinheiro. É uma moeda. Porém, você não consegue guarda-lo na carteira. Não consegue guarda-lo no bolso. Não consegue colocar dentro de um envelope e depositar num caixa eletrônico. E portanto, também não consegue saca-lo num banco.

O bitcoin é uma moeda digital. Em termos simples, ele é um arquivo contendo códigos de computador. Ele também é chamado de “criptomoeda”. O interessante é que a parte “cripto” do nome não tem nada a ver com o fato dela ser digital. Já iremos explicar o porque então desse “cripto” no nome mais adiante no post.

O bitcoin foi criado por um experiente programador supostamente chamado Satoshi Nakamoto (dizemos “supostamente” porque não se sabe ao certo quem foi o real criador, este nome japonês geralmente é utilizado para se referir a pessoa ou grupo de pessoas por trás da criação do bitcoin”). No seu manifesto oficial o bitcoin é descrito como: “simplesmente um dinheiro eletrônico de peer-to-peer”. Por enquanto esqueça o termo ‘peer-to-peer’, já vou explica-lo daqui a pouco.

O que você faz com dinheiro?

Você compra produtos, contrata serviços, empresta, toma emprestado, paga dívidas, investe, e assim por diante. Com o bitcoin não é diferente. Ele foi criado para ter o mesmo propósito de uma moeda comum, como o real ou o dólar.

Por incrível que pareça, o bitcoin é isso. Não existe muito segredo em torno do que é, e se você chegou até aqui, já conseguiu responder a primeira pergunta desse post: o que é o bitcoin.

Mas o que realmente chama a atenção para não é tanto para o que ele serve, e sim como o bitcoin funciona. Especialmente nos dias atuais, onde objetos e transações físicas tem dado lugar cada vez mais depressa para coisas digitais. E o fato dele ser uma moeda virtual, evidentemente possui algumas diferenças entre uma moeda física.

Por exemplo, as moedas que estamos acostumados a utilizar, como real ou dólar, não tem um limite específico. Cada governo do seu país decide o quanto pode ou deveria imprimir dinheiro para colocar em circulação. Já o bitcoin existe numa quantidade finita. Apenas 21 milhões de unidades. Nada mais do que isso.

Um outro detalhe interessante de como o bitcoin funciona é a sua forma de fracionamento.

Como o bitcoin é fracionado?

Nas moedas convencionais costumamos fraciona-las dessa forma: por exemplo, uma unidade da nossa moeda é 1 real. E nós podemos fracionar esse 1 real em 100 partes, ou 100 centavos, correto? Já o bitcoin pode ser fracionado em até 100 milhões de partes. Ou seja, o “1 centavo de bitcoin” é o mesmo que 0,00000001 Bitcoin.

Existe também uma tecnologia que permite que o bitcoin exista. Ela se chama “blockchain”. E sim, para entender como de fato funciona o bitcoin, é preciso entender o que é e como funciona o blockchain. E é ele que acaba inserindo uma camada de dificuldade para as pessoas entenderem como o bitcoin funciona. Mas a boa notícia é que se você entende o blockchain, não existem mais nenhum mistério.

Nesse post vamos tentar desmitificar esse funcionamento de uma forma simples e direta, mesmo que você não tenha ou tenha muito pouco conhecimento em tecnologia. Mas nós vamos falar sobre o blockchain daqui a pouco. Vamos primeiro focar no bitcoin em si.

Como o dinheiro físico funciona?

Para entender como o bitcoin funciona, é preciso primeiro entender como uma moeda física funciona. É interessante que mesmo as moedas que estamos acostumados a utilizar são de certa forma, “digitais”. Vou te dar um exemplo:

Imagine que você vá na padaria do seu Manuel e quer comprar os seus pãezinhos, que custam 2 reais. Só que você esqueceu o seu dinheiro em cima da mesa da cozinha. O que você faz? Você não volta pra buscar o dinheiro em casa porque você tinha um cartão de débito na carteira! Mas como você consegue pagar o seu Manuel com um cartão? Você o insere numa máquina, ligada a um computador, digita uma senha, e pronto. Sua compra está paga.

Mas por que o seu Manuel te entrega os pães, sendo que não recebeu nenhuma nota de dinheiro em troca? Porque quando nós pagamos com um cartão, essa transação passa por um banco, como um Bradesco ou Itaú, por exemplo. Esse banco vai analisar se você realmente teria condições de pagar o seu Manuel, baseado nas informações que você tem na sua conta bancária. Se o banco autorizar, ele tira o dinheiro da sua conta e transfere para a conta do seu Manuel.

Perceba que para uma transação financeira ser realizada hoje de forma digital, é necessário sempre a figura do banco, da instituição financeira. É por isso que dizemos que a moeda física que utilizamos no dia a dia é centralizada. Geralmente cada país tem o seu Banco Central, um órgão que regulamenta todas as transações financeiras. Os bancos centrais podem imprimir dinheiro se quiserem, por exemplo. Você não pode fazer isso na sua casa, do contrário estará cometendo um crime federal. O Banco Central controla o quanto de dinheiro pode ou deveria circular dentro de um país.

Como o bitcoin funciona?

Só que com o bitcoin não existe nada disso. Não há nenhum banco, nenhum órgão do governo que crie regras para ele. É por isso que o bitcoin é descrito muitas vezes como uma moeda descentralizada. Nenhuma organização governamental consegue apertar um botão e começar “imprimir” bitcoins, por exemplo.

Peer-to-peer

Mas você, uma pessoa comum, pode realizar transações de compra e venda com bitcoin diretamente com outras pessoas, sem que nenhuma instituição financeira esteja no meio. Daí o termo peer-to-peer, que significa simplesmente “de pessoa para pessoa”.

Mas você talvez esteja se perguntando: “Certo… mas eu consigo também comprar e vender diretamente a outra pessoa utilizando dinheiro físico, sem que um banco esteja no meio. Por exemplo, se eu resolver pagar o seu Manuel em dinheiro vivo, o banco nunca vai saber que essa transação ocorreu. Qual a diferença então desse tipo de pagamento para um pagamento com bitcoin?”

A pergunta é muito boa. Mas essa afirmação é apenas parcialmente verdade. É correto afirmar que o banco não vai ficar sabendo que você pagou seus pãezinhos na padaria do seu Manuel em dinheiro vivo. Porém, de onde veio o dinheiro que você usou pra pagar os pães? Você ou o sacou em um caixa eletrônico, ou recebeu de alguém que sacou. O Banco Central continua sabendo que esse dinheiro foi impresso e que ele está circulando por aí.

O dinheiro físico é sempre controlado pelo governo

Se o Banco Central passa a imprimir um montão de dinheiro a torto e direito, o dinheiro começa a perder o seu valor (porque vai existir mais dinheiro circulando) e o pãozinho do seu Manuel fica mais caro. Os seus 2 reais não são mais suficientes para comprar os 3 pãezinhos. É o que a gente chama de inflação. E se o Banco Central quiser, ele pode começar a recolher dinheiro, fazendo com que ele diminua de valor, causando o processo inverso, a deflação.

Perceba que de uma forma ou de outra, o dinheiro físico sempre é controlado pelo governo. Mas o bitcoin não é. Nenhum governo consegue controlar o quanto de bitcoin precisa ou pode ser produzido. Nem tampouco conseguem definir, por conta própria, o quanto ele vale.

Mas talvez você esteja se perguntando: se não existe um banco por trás do bitcoin, quem garante que uma transação financeira nessa moeda foi realmente realizada?

Pra entender isso melhor, voltamos ao exemplo do dinheiro físico. Lembra que quando você pagou os pãezinhos do seu Manuel com cartão de débito, o banco intermediou a transação? Foi ele quem disse que a troca de dinheiro poderia ocorrer. Foi o banco que confirmou que a transação era legítima.

Numa transação feita entre duas pessoas com bitcoin, quem é que valida a transação? A resposta é simples: qualquer pessoa pode validar uma transação. Como assim? Lembra que o bitcoin nada mais é do que um arquivo com códigos de computador? Então para validar uma transação, é preciso que um programa de computador específico faça isso.

Quando este computador realizar esta validação, ele vai enviar um “comprovante” ao eco-sistema de bitcoins, dizendo que a transação foi realizada e é legítima.

Minerar bitcoins

Certo, mas aí você pergunta: Mas por que alguem iria validar essa minha transação de bitcoin de bom grado? Para resolver essa questão, foi criado um sistema de incentivo para que muitas pessoas se dispusessem a validar transações de bitcoins. Se uma pessoa validasse e registrasse uma operação dessas, em troca ela receberia uma pequena unidade de bitcoins.

Com isso, novas unidades de bitcoins são geradas e inseridas dentro do eco-sistema do mercado. Mas lembra que o limite máximo de bitcoins é de apenas 21 milhões de unidades? Como então é controlado a sua geração?

Acontece que o processo de validação de uma transação de bitcoin é muito caro. O programa de computador precisa realizar um cálculo matemático extremamente complexo. Somente computadores super potentes conseguem fazer isso. Por isso, é muito caro para uma pessoa comum realizar essa transação com o seu computador pessoal dentro de casa. Atualmente somente grandes computadores mega potentes em alguns lugares do mundo, principalmente na Asia, conseguem realizar essas validações.

Essa validação de transações é também chamada de “mineração”. Então se você ouvir ou ler o termo “minerar bitcoins”, lembre-se que se refere a isso, validar transações de bitcoins. E os computadores que fazem essas validações são chamados de “mineradores”.

Ok, mas onde essas transações ficam registradas?

O Blockchain

As transações de bitcoins não são registradas por alguma empresa ou por algum governo. Mas antes, são armazenadas num bloco de código chamado blockchain. Esse bloco de código é aberto ao público, ou seja, qualquer pessoa pode possuir uma cópia dele. Assim, toda transação de bitcoin realizada na face da Terra é registrada nesse blockchain, e portanto, qualquer pessoa pode verificar se essa transação está lá, e portanto, que foi validada.

Corrente de blocos

Blockchain significa “corrente de blocos”. E ela é exatamente isso. Cada bloco de código possui todas as transações de bitcoins realizadas no mundo todo nos últimos 10 minutos. Ou seja, a cada 10 minutos, um novo bloco de código é adicionado a corrente. Esse bloco contém as validações das transações feitas pelos mineradores, e também uma referência ao último bloco que está imediatamente atrás dele. De forma que é possível saber, dentro do blockchain, qual foi a primeira transação de bitcoin realizada na história, até a última transação realizada nos últimos 10 minutos.

É seguro a forma como o bitcoin funciona dentro do blockchain?

A princípio, o fato dessas transações serem públicas pode parecer que o sistema de blockchain não é seguro. Mas na verdade é justamente o contrário. O “comprovante” da transação do bitcoin não informa quem são as partes envolvidas. Ou seja, o registro que é de fato inserido no blockchain apenas diz que a transação ocorreu e que ela é legítima. Porém mantem no anonimato as contra-partes.

Perceba então que bitcoin e blockchain são duas coisas diferentes. Bitcoin é a moeda digital, e blockchain é a tecnologia que permite que pessoas realizem transações legítimas com essa moeda. E também é a tecnologia que permite que o bitcoin permaneça com sua característica descentralizada.

O blockchain é, inclusive, uma tecnologia que se aplica não só a bitcoins, mas a uma série de outros processos. É de fato uma das maiores inovações da tecnologia moderna, e está sendo inclusive sendo estudada a fundo para ser implantada em diversos outros setores. Afinal, suas aplicações são quase infinitas.

Se você chegou até aqui, podemos agora discutir quais as reais vantagens e desvantagens do bitcoin.

Vantagens

O Bitcoin funciona no Anonimato

O fato do bitcoin não ser regulado pode ser considerado uma vantagem. Se você é uma pessoa que se preocupa com sua privacidade, isso é ótimo. Não há nada pior do que ter quer fornecer nossos dados pessoais para um banco, como nosso endereço, nossa renda financeira, nosso cônjuge, etc. Quem garante que esses nossos dados não venham, em algum momento, cair nas mãos erradas?

Menos burocracia

Você já tentou fazer uma remessa de dinheiro para o exterior? Enviar uma ordem pagamento para outro país? Se sim, sabe como é burocrático, complexo e muitas vezes frustrante. Agora, se você fosse fazer essa transação com bitcoins, basta você ter o código alfanumérico da carteira de bitcoins da pessoa ou empresa que receberá o pagamento, e criar uma transação. Em questão de minutos, essa carteira-algo receberá os bitcoins.

Menos taxas, menos impostos

Quando você faz uma transação financeira hoje, você geralmente paga taxas, como taxas bancárias (doc ou ted), ou taxas e impostas estabelecidos pelos governos.

Ao fazer uma transação por bitcoin, você não precisaria de preocupar em pagar nada mais além do valor que está transferindo.

Menor intervenção do governo

Uma vez que o bitcoin não é controlado pelo governo, ele não pode ser inflacionado. Nenhum governo pode “imprimi-lo”, forçando-o atingir ou a se reduzir a determinado valor. Então, a forma como o bitcoin funciona o faz, de certa forma, ser blindado da má vontade, ou da má capacidade, de um governo gerir a moeda da forma correta. Além disso, por ser uma moeda finita (lembra-se, ela só chega a 21 milhões de unidades), vai chegar um momento em que não será mais possível minerar bitcoins. Portanto nunca haverá mais bitcoins do que é possível existir.

Desvantagensdo bitcoin

Menor intervenção do governo

Exatamente. O que é uma vantagem do bitcoin pode também ser considerado uma desvantagem.

Imagine, por exemplo, que você guarde seus bitcoins em um banco digital, e esse banco decida sumir com eles. Quem poderá lhe ajudar? Ninguém.

Volatilidade

Além disso, isso pode fazer com que o valor do bitcoin seja muito instável. Isso porque atualmente o bitcoin só tem valor caso você deseje troca-lo por alguma moeda física, como o dólar. Então o valor de 1 bitcoin é o valor máximo que alguma outro pessoa está, no momento, disposto a pagar por ele. E essa variação pode ser muito abrupta de uma hora para outra.

Imagine então que você resolva vender seu carro, que vale uns 40 mil reais, e aceite bitcoins como forma de pagamento. Suponha que 1 bitcoin vale no momento 10000 reais. Seu carro então vale 4 bitcoins, certo? Você encontra um comprador, que realiza então a transferência para sua conta. Porém, em apenas 3 horas depois, o valor do bitcoin desaba para 6 mil reais. A volatilidade da moeda fez você perder muito dinheiro, porque seus bitcoins agora valem menos.

Infelizmente, isso ainda é uma realidade devido ao bitcoin ainda estar numa fase muito inicial de aceitação pela sociedade. Muitos ainda não entendem como o bitcoin funciona. E isso influencia a cotação da moeda de uma forma muito mais acentuada do que acontece nas moedas físicas.

Piramides Financeiras

volatilidade da moeda e a forma como o bitcoin funciona tem feito com que muitos estelionatários criem esquemas de piramides financeiras. Estes esquemas costumam envolver minerações de bitcoin na nuvem, onde prometem altos ganhos de bitcoins. Nunca caia neste tipo de golpe. Um caso recente foi o da Unick Forex, que você pode conferir a história aqui.

O Bitcoin funciona no Anonimato

Sim. Embora seja alistada como uma vantagem, o anonimato também é uma desvantagem. Lembra que as transações registradas no blockchain não contem informações sobre quem são as partes envolvidas? Então é de se supor que criminosos utilizem o bitcoin para realizar transações criminosas, como venda de drogas, armas, e assim por diante. E de uma forma muito difícil de ser identificada.

Espero que este post introdutório tenha te ajudado a entender, pelo menos de forma básica, como o bitcoin funciona e algumas de suas vantagens e desvantagens. É um assunto bastante extenso, mas outros posts virão pra tentar ajuda-lo a entender tudo que realmente é importante saber sobre esta criptomoeda.

Educação financeira não deveria ser algo difícil de aprender. Estamos aqui pra te ajudar a simplificar as coisas. Independencia financeira é algo possível, e a missão do Poupança Hoje é mostrar como alcançar isso de forma inteligente e objetiva.

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